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Vidas que se Cruzam (2009)

Abril 24, 2010

Confusão encharcada  é um ponto forte do escritor Guillermo Arriaga, roteirista mexicano responsável por “Amores Perros” (um filme muito bom, mas encanta menos pelo fato das visões repetidas, no meu ponto de vista); “Babel” ( uma bagunça, de cima para baixo que os críticos elogiaram, e que não entendi a razão) e, “21 Gramas” (apesar de uma certa dificuldade para descobrir o que está acontecendo, a trama é mais compreensível. Até o final, a história acaba por ser bastante simples). O mais recente roteiro de Arriaga serviu para sua estréia como diretor. “The Burning Plain” foi batizado no Brasil como “Vidas que se Cruzam” em vez de uma versão mais literal “A Planície em Chamas”, e menos óbvia a trama de Arriaga.

“Vidas que se Cruzam” conta a vida de Gina (Kim Basinger, sensível e lindíssima!), que tem um caso extraconjugal com um trabalhador mexicano Nick (Joaquim de Almeida, bom ator num papel mal desenvolvido!). Numa cena (talvez para muitos seja desnecessaria, ficamos a saber que Gina teve uma mastectomia sem cirurgia reconstrutiva). Sua necessidade pelo amor de Nick me pareceu muito mais de um caso do que com uma insatisfação sexual com o marido. A vida com Nick parece seguir votos de um matrimônio. E, Basinger se saiu muito bem atraves do olhar, e da voz mansa, e da falta de choro!

A filha de Gina, Mariana (Jennifer Lawrence), descobre sobre o affair. A garota decide queimar o trailer enquanto a mãe e o mexicano estão lá dentro. O destino de Mariana é digno de uma tragédia grega. Ela tem um caso com Santiago, o filho de Nick, o que resulta no nascimento de uma filha, que Mariana abandona no México.

Ao mesmo tempo, o filme narra o drama de Sylvia (Charlize Theron). Ela é bela, elegante e promíscua, mas se odeia e se auto-mutila. Sylvia trabalha num restaurante elegante, o que lhe mascara o seu tumultuado interior e lhe ajuda a fugir do seu passado. Em seguida, ficamos a saber que tem um sujeito chamado Carlos (José Maria Yazpik), que “misteriosamente” a persegue.

O conto  de multicamadas relaciona o modo como os jovens Santiago e Mariana embarcaram em uma relação proibida, que agora podia soletrar o problema e colocar todas as partes envolvidas em rota de colisão. Se as coisas não estão confusas o suficiente, a narrativa apresenta, Santiago, crescido (Danny Pino) agora com uma filha de 12 anos, Maria (Tessa Ia). Santiago funciona como um pulverizador com seu amigo, o mesmo Carlos que estava seguindo Sylvia em Oregon.

As vidas dos personagens são interdependentes. Seus destinos estão entrelaçados, mas quem mais me marcou foi a comovente interpretação de Theron. A força e profunidade que ela dá a Sylvia demonstra uma veracidade a personsagem que Arriaga não consiguiu dos outros atores. Sylvia mantem um comportamento depressivo, onde possui uma intensa obsessão com o sexo, enfrentando dificuldades de se envolver em relacionamentos pessoais saudáveis. Com pensamentos suicidas, mas sem o exagero da mulher louca de “Antichristo” de Lars Von Trier. O mundo de Sylvia vira de cabeça para baixo. Ela luta contra a dor do passado, e  cada olhar e palavras que saem de Theron, eu senti uma verdade, que não vi em muitos dos personagens femininos em filmes feitos em 2009. Theron sutilmente brilha na pele de Sylvia.

“Vidas que se Cruzam” foi um fracasso de público, mas a crítica foi relativamente positiva, mas não salvou o filme. De um modo geral, é mais uma boa produção, que vale ser vista pela magistral Charlize Theron (uma injustiça não terem dado a ela uma chance no Oscar 2010).